Não adianta a presidenta Dilma Rousseff tentar minimizar as manifestações de março de 2015 , dia 15, onde milhares de brasileiros foram às ruas exigir urgência com a reforma política; apuração dos escandalos de corrupção da Petrobras e o impeachment da presindenta. Fazer pouco caso e dizer que são meras expressões do ideário democrático é no mínimo uma tentativa pífia por querer mascarar a realidade.
Expressar que o descontentamento popular, seja fruto de um grupo que quer um terceiro turno, não deixa de ser um expediente muito cínico e nada condizente com a realidade vivida no cotidiano brasileiro. Essas ações somam-se a outras tantas atitudes petistas, no sentido de evitar reconhecer a gravidade em que se encontra o cenário político e econômico do Brasil. Além disso, ao agir desta forma buscam a todo custo causar a falsa impressão de que tudo está sob controle, o que bem sabemos não ser verdade.
Ao ver as atitudes do Partido dos Trabalhadores e seus aliados, a mensagem expressa é a de que mais uma vez, estes se acham o dono da verdade, e assim se arrogam do direito de dizer que toda ação contra a entidade ou ao seu governo, quando não são boatos descabidos, assumem a conotação de reflexos de ações de um sistema que atua no sentido de provocar a desestabilidade geral, e acima de tudo, jogar na lama uma instituição, que segundo os próprios militantes a intitulam, como sendo o “verdadeiro partido de esquerda” do país. Condição questionável, diga-se de passagem.
E no curso desta verdade única, vale evocar pra sociedade o discurso do imperialismo batendo as portas, os quais, segundo os petistas, jamais aceitaram um governo de viés popular. Também cabe macular o nome de instituições como: Polícia Federal, Ministério Público Federal, Supremo Tribunal Federal. Enfim, neste jogo nefasto não há nada de errado manchar a imagem de todos que se meterem a investigar e a julgar os rastros da corrupção instituída no governo petista. E se fizermos uma breve reflexão, veremos que tal estratégia entra em cena todas as vezes que os donos do poder são atingidos e seu “modus operandi” é posto em cheque.
Estamos diante de uma crise séria, e não adianta a Presidenta Dilma, vir em cadeia nacional pedir que a sociedade faça sua parte, pois já estamos fazendo a muito tempo, pois basta olharmos as dívidas deixadas pela realização da copa de 2014, um legado difícil de esquecer; tão pouco, o dinheiro gasto com a refinaria de Pasadena; as obras de transposição do rio são Francisco e outros sem fim de dinheiro público jogado no lodo da corrupção.
Ao fazer pouco caso do escândalo da Petrobras, cuja operação “Lava Jato” trouxe a tona um dos maiores esquemas de corrupção mundial, no qual encontram-se envolvidos funcionários públicos, empresários e partidos políticos os quais se beneficiaram do dinheiro que deveria ser gasto na empresa é uma demonstração que a realidade dita pelo governo e seus arautos é totalmente diferente da que sentimos no cotidiano das nossas cidades.
Quando paramos pra ouvir o discurso petista e de seus aliados, chegamos a conclusão de que é no mínimo descabido falar que nós cidadãos temos que fazer a nossa parte pois o governo já está cuidando do que lhe cabe. E se observarmos atentamente, concluiremos que realmente está se fazendo algo, mas não no sentido de moralizar ou de apurar os fatos e sim, no proposito de minimizar o quão grave é o rombo na Petrobras e seus reflexos negativos para o país.
Diante dos juros altos, dos impostos excessivos e inflação elevada, não há como negar que a sociedade não esteja fazendo a sua parte. E quando vai as ruas reivindicar o combate a corrupção e dizer que a Petrobras é nossa, verificaremos que este ato surge em contraponto ao discurso do lulinha paz e amor, que ao se reunir com sindicalistas da sua base, bradou aos quatro cantos que defende a estatal, mas não esconde seu desejo de mostrar que o escândalo é anterior ao período do PT. Na realidade a Petrobras não é deles, mas de cada cidadão brasileiro que não compactua com o fisiologismo e com uma governabilidade mantida através da troca de favores e atitudes escusas.
Não adianta negar, pois os fatos estão a mesa e cabe a nós cobrarmos seriedade e lisura na apuração pois, em qualquer país sério não seria aceito que um parlamentar sentasse a mesa pra investigar os atos de um parente seu.
Por mais que neguem até o fim, pois humildade nunca foi uma característica petista tão pouco reconhecer seus erros ou falhas, continuaremos exigindo o esclarecimento dos fatos, além do julgamento dos culpados e a devolução do dinheiro roubado, pois para nós cidadãos comuns, quem se apossa do que não é seu rouba e não desvia, mas como os envolvidos fazem parte do grupo que usa o colarinho branco, estes não são chamados de ladrões, vale ressaltar que dentro dessa lógica brasileira da inversão de valores morais e éticos, seria uma heresia trata-los desta forma, quiçá, uma ofensa.
E assim como a Presidenta Dilma Rousseff disse que ir as ruas é um gesto democrático, então colocar político e empresário na cadeia, sem transformá-los em pseudo- mártires seria mais democrático ainda.
Aildo Picanço
Formado em História pela Universidade Federal do Amapá-UNIFAP. Dirigente Municipal do Movimento Popular Socialista / Amapá.
Autor: Aildo Picanço