O presidente Nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Carlos Siqueira, fez uma análise nesta segunda-feira (27) sobre o processo eleitoral de 2014. De acordo com o presidente, é visível a divisão do eleitorado brasileiro – 54,5 milhões de votos para o PT x 51 milhões para o PSDB – mas, é necessário neste momento o diálogo proposto pela presidente Dilma Rousseff reconduzida democraticamente à presidência da República. “Nós vamos manter a coerência e faremos o máximo para que as nossas bancadas na Câmara, no Senado e nos parlamentos estaduais possam refletir os compromissos políticos, ideológicos, programáticos e populares que marcam a história do Partido Socialista Brasileiro”, afirmou Siqueira. “Não será uma aliança circunstancial que nos desvirtuará dos compromissos que marcam a história do PSB. Eles continuam e continuarão intactos”.
Nesta semana, Carlos Siqueira, começa os diálogos com os governadores e parlamentares eleitos e reeleitos. Também será realizada nos próximos dias a reunião da Comissão Executiva Nacional para avaliar o resultado das eleições 2014. “Esta será uma prática que eu pretendo imprimir na minha gestão a frente do partido, de estar permanentemente ouvindo as nossas bancadas, para que elas possam nos ajudar a refletir com maior profundidade os caminhos que o PSB e que o Brasil devem trilhar”, afirmou Siqueira.
Confira, abaixo, a íntegra da entrevista do presidente Carlos Siqueira:
Portal PSB 40: Dr. Carlos, qual a avaliação que o senhor faz das eleições presidenciais de 2014?
Carlos Siqueira: Tivemos as Eleições Presidenciais mais disputadas e mais concorridas desde o início do processo de democratização da primeira eleição presidencial de 1989.
A divisão do País – com um resultado de 54,5 milhões de votos para o PT x 51 milhões para o PSDB – levou que a Eleição pudesse chegar a um grau de acirramento sem precedente nesse período democrático que estamos vivendo.
Agora, no entanto, temos que reconhecer que a maioria fez sua opção democraticamente e reelegeu a presidente Dilma Rousseff, a qual temos a obrigação de felicitar e desejar que ela possa conduzir o País a bom termo. Ela, em seu primeiro pronunciamento, falou em diálogo, que não foi um aspecto que marcou seu primeiro mandato, e nós saudamos essa disposição da presidente em dialogar com os brasileiros, com os partidos e com as instituições. O diálogo é essencial no processo democrático e no caso do nosso partido da esquerda democrática, sem dúvida nenhuma o diálogo está entranhado na nossa história. Portanto, este é um aspecto positivo no resultado do processo eleitoral.
Todos conhecem a posição do Partido Socialista Brasileiro nas eleições de 2014. Nós apoiamos o candidato da oposição e, por consequência, o eleitorado nos coloca neste momento na condição de oposição. Isso não significa dizer que nossa posição se confundirá com oposição eventualmente conservadora.
A nossa oposição será propositiva, sempre disposta a dialogar no sentido de quando estiverem em jogo os interesses do País e da sua população. Então, estaremos sempre mantendo a nossa coerência e faremos o máximo para que as nossas bancadas na Câmara, no Senado e nos parlamentos estaduais possam também refletir os compromissos políticos, programáticos, ideológicos e populares que marcam a história do Partido Socialista Brasileiro.
Portal PSB 40: Qual será o próximo passo do PSB?
Carlos Siqueira: Observe, a minha posição como presidente do partido é, em primeiro lugar, lutar pela sua unidade. O PSB precisa ter uma condução que o mantenha unido em torno dos seus propósitos e em torno da sua atuação como direção partidária, nos parlamentos, e em especial na Câmara dos deputados e no Senado federal.
Neste sentido, antes de realizar a primeira reunião da Comissão Executiva Nacional, vou convidar nossos parlamentares, deputados e senadores para uma reunião. O objetivo é ouvi-los sobre a avaliação das eleições, sobre os rumos do nosso partido, sobre os rumos da atuação parlamentar do PSB nas duas casas do Congresso Nacional.
Esta será uma prática que eu pretendo imprimir na nova gestão a frente do partido, de estar permanentemente ouvindo as nossas bancadas, para que elas possam nos ajudar a refletir com maior profundidade os caminhos que o PSB e que o Brasil devem trilhar nesse momento, já que estamos vivendo muitas dificuldades no plano econômico do país.
Além disso, como eu anunciei no dia da eleição da nova Executiva Nacional, portanto também da minha eleição, nós vamos convidar todos os presidentes estaduais do partido para que eles possam também nos dar suas opiniões. Para que eles também possam trazer para a direção do PSB a reflexão que é feita na base do partido. Para isso, nós desejamos que eles ouçam os presidentes municipais, que eles ouçam os segmentos do partido em cada estado. Desta forma, eles poderão chegar aqui na nossa primeira reunião com a reflexão e a opinião do conjunto do partido em sua base.
Portal PSB 40: Como o PSB saiu dessas eleições de 2014?
Carlos Siqueira: Eu avalio que o PSB saiu dessa eleição mais forte do que entrou. Ele teve uma candidatura presidencial que colocou o partido, desde o ano passado até o final do processo do primeiro turno, permanentemente na mídia de maneira positiva, com o seu principal líder diariamente presente tanto na imprensa nacional, como nas mídias regionais.
O partido se tornou mais conhecido e em evidência de modo positivo durante esse longo período das eleições. Com o lamentável e trágico desaparecimento do nosso líder Eduardo Campos, surgiu a substituta, a senadora Marina Silva, que continuou a protagonizar em nome do PSB.
Além disso, nós avaliamos como positivo o fato de que o partido elegeu uma bancada significativa de 34 deputados federais e 62 deputados estaduais. Foram eleitos três governadores, sendo um no primeiro turno – o mais votado do País, Paulo Câmara, Ricardo Coutinho da Paraíba e Rodrigo Rollemberg do Distrito Federal. São três estados importantes.
Acredito que alguém pode indagar que houve uma diminuição do partido em relação ao número de governadores e, evidente que foi, pois na última eleição (2010) elegemos 6. Mas, acredito que este número está mais em consonância com o tamanho do PSB, porque não considero muito natural que na eleição de 2010 termos eleito 6, mais do que os dois maiores partidos do País. É um crescimento significativo, que coloca o partido em uma posição de destaque, inclusive entre os sete partidos que conseguiram superar a cláusula de barreira de 5% do Congresso Nacional. De modo que o PSB se posiciona eleitoralmente de maneira muito positiva um polo de atração de parlamentares em qualquer eventual reorganização partidária.
Creio que o desafio para o futuro é mantermos a nossa coerência com relação à nossa história, que é muito significativa para a esquerda brasileira, considerando que é a história que representa o início de uma esquerda democrática, desde 1947. Não será uma aliança circunstancial que nos desvirtuará dos compromissos que marcam o PSB. Eles continuam e continuarão intactos.
Marcarmos claramente uma posição de centro esquerda muito nítida, de modo que possamos nos fortalecer para o futuro. Reitero aqui o que disse no dia da minha eleição como presidente do Partido, a necessidade de, logo nos primeiros meses do próximo ano, realizarmos um processo de planejamento estratégico, tal qual foi feito no passado, com os números, os mandatos, estaduais e federais, governadores, executivo, prefeitos que temos hoje. Até poucos anos eram somente números e uma meta. E essas metas foram alcançadas e nós precisamos agora retomar o novo planejamento estratégico, estabelecendo as nossas metas com relação a 2016, as próximas eleições municipais, a 2018, a futura eleição presidencial e também a 2020. Isso será feito logo nos primeiros meses do ano de 2015.
Esse planejamento estratégico não dirá respeito apenas às metas, mas também e, sobretudo, a uma discussão que o partido possa esclarecer com maior clareza as suas bandeiras políticas e programáticas, o seu perfil e a sua identidade. Para que possa cada dia mais se aprofundar de maneira nítida e transparente frente a sociedade brasileira e aos seus interesses, em particular ao interesse das classes sociais mais necessitadas, daqueles que estão abaixo da camada da pirâmide social, cujo interesse nós pretendemos sempre representar.
Vera Canfran – Assessoria de Comunicação do PSB