O deputado federal e líder do PSB na Câmara dos Deputados, Júlio Delgado (MG), começou o ano em plena atividade parlamentar. Depois de acompanhar a posse do governador do Distrito Federal, o também socialista Rodrigo Rollemberg, e da presidente Dilma Rousseff (PT), Delgado participou de reuniões na liderança do Partido na Câmara. Como uma das lideranças de oposição na Casa, Júlio criticou o discurso de posse da presidente, o que classificou como distante da realidade. Temas como educação, saúde e segurança são pontos que o deputado acredita necessitar de mais atenção. EDUCAÇÃO – Em uma das áreas mais importantes, Júlio avaliou o “Brasil, pátria educadora”, lema do novo governo e bastante citado pela presidente. Segundo ela, ao longo dos próximos quatro anos, a educação começará a receber volumes mais expressivos de recursos oriundos dos royalties do petróleo e do fundo social do pré-sal. “Vamos continuar expandindo o acesso às creches e pré-escolas garantindo para todos o cumprimento da meta de universalizar, até 2016, o acesso de todas as crianças de quatro e cinco anos à pré-escola”, declarou Dilma. No entanto, o deputado lembra que os programas de educação de nível médio e superior, que estão em andamento, são de responsabilidade do Governo Federal. “Os programas de educação, que são fundamentais para sermos uma pátria educadora, são de responsabilidade dos estados e municípios. Qual será o comprometimento da presidente com os estados e municípios para poder fazer essa pátria educadora?”, questionou Delgado, que disse ainda: “a educação deve ser feita na formação. Os ensinos fundamental e básico são de responsabilidade de estados e municípios. Qual é a verdadeira proposta de Dilma para poder fazer essa pátria educadora?”. PETROBRAS – A presidente também falou sobre o escândalo envolvendo a estatal, que desencadeou na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. De acordo com Dilma, o governo tem muitos motivos para preservar e defender a Petrobras de predadores internos e de seus inimigos externos. “Por isso, vamos apurar com rigor tudo de errado que foi feito e fortalecê-la cada vez mais. Vamos, principalmente, criar mecanismos que evitem que fatos como estes possam voltar a ocorrer.” Delgado, que integrou a CPMI da Petrobras, sugeriu que a presidente, antes de falar que será implacável contra a corrupção, assuma que cobrará “responsabilidade a quem for declarado responsável pela Justiça”. “A Justiça Federal já indiciou mais de 30 pessoas, entre elas ex-diretores. A Dilma começa o segundo mandato com um governo pior do que ela recebeu do ex-presidente Lula. Essa foi uma herança pior, que ela mesma construiu”, destacou. SAÚDE – A presidente falou em seu discurso que o Sistema Único de Saúde (SUS) é o mais moderno já foi inventado no setor. “Persistiremos, ampliando as vagas em graduação e em residência médica, para que cada vez mais jovens brasileiros possam se tornar médicos e assegurar atendimento ao povo brasileiro. Neste segundo mandato, vou implantar o Mais Especialidades para garantir o acesso resolutivo e em tempo oportuno aos pacientes que necessitem de consulta com especialista, exames e os respectivos procedimentos”, destacou a presidente no discurso de posse. Para o líder socialista, melhorar o sistema de saúde brasileiro não é tarefa tão simples. Júlio defendeu, ainda, novo pacto federativo com estados e municípios. “A gente reconhece que a implementação do programa Mais Médicos interiorizou o atendimento com a chegada dos médicos cubanos. Agora a própria presidente já discute com seus interlocutores a volta da CPMF. Resolveu o problema da saúde? Para resolver problemas primordiais, que são saúde e educação, é preciso faze rum pacto federativo com estados e municípios”, declarou. SEGURANÇA – Delgado também criticou o discurso da presidente sobre a segurança pública. A presidente afirmou que o governo vai instalar Centros de Comando e Controle em todas as capitais, ampliando capacidade de ação das polícias e a integração dos órgãos de inteligência e das forças de segurança pública. “Reforçaremos as ações e a nossa presença nas fronteiras para o combate ao tráfico de drogas e de armas com o Programa Estratégico de Fronteiras, realizado em parceria entre as Forças Armadas e as polícias federais, entre o Ministério de Defesa e o Ministério da Justiça”, disse Dilma. Segundo o parlamentar, a presidente precisa direcionar o Fundo Nacional de Segurança para melhorar a qualidade do serviço. “A responsabilidade da segurança é do estado, mas se o Fundo não for repassado para aquisição de equipamentos, melhorar a qualidade e até mesmo o vencimento, o problema da segurança não será resolvido”, lembrou. GOVERNADORES – O deputado da oposição também destacou que os estados sofrem carência em vários setores como saúde, educação e saneamento. “Se nós formos avaliar os discursos dos novos governadores, podemos ver que existe uma variedade de temas colocados como prioridade nos estados brasileiros. Em Brasília, Rodrigo Rollemberg falou que a prioridade no DF é a educação. A prioridade em Alagoas já é a segurança. Em São Paulo, Geraldo Alckmin destacou os problemas no saneamento. No Rio Grande do Sul, Sartori citou a seca. Com isso vemos que as demandas que vêm de todo o Brasil são importantes, mas diferentes e, se a União não tiver uma corresponsabilidade com estados e municípios, não adianta. Não adianta a União sair da crise e deixar os estados, que são responsáveis pelos municípios na crise”, completou. |
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